A greve na UFAM em 2015 não será como antes.
“O Mar não está pra
peixe”, esse velho ditado popular pode ser adaptado para o” o mar não está pra
trabalhador”, com a abertura da “temporada de caça” aos direitos trabalhista
iniciada pelas MPs 664/665 de iniciativa do governo federal, e com o
desengavetamento do PL 4340 da terceirização, aprovado pela câmara federal, é
hora de colocar as “barbas de molho”, e se preparar para ir à luta. Foi
nesse clima, de que a situação pode ficar pior, que mais de uma centena de professores da
UFAM - Universidade Federal do Amazonas - lotaram
o auditório da ADUA – Associação dos Docentes da
Universidade do Amazonas - nesta
quinta feira 14/05/15 e aprovaram por 67 votos favoráveis o indicativo de greve, com 34 votos contra.
Ficando a decisão de deflagração de
greve ou não para uma nova assembleia
em
27/05. Se
a greve acontecer, e tem tudo para acontecer, será uma situação bem diferente
das greves anteriores.
No Brasil de hoje,
pós
processo eleitoral de 2014, os valores conservadores e fundamentalistas ocupam importantes
espaços na sociedade e nas universidades públicas não é
diferente, esses setores ocupam
importantes seguimentos, e já deram o tom de como será o clima da
greve. Como é de tradição as atividades de mobilização dos professores e
técnicos da UFAM, se iniciam com uma panfletagem na entrada principal da
universidade, em um local bem arborizado, conhecido como
o bosque da resistência, passagem obrigatória de alunos e funcionários. Hoje,
14/05, pela manhã, era visível, para quem estava lá, a insatisfação dos que
passavam de carro e tinham vontade de atropelar os que estavam panfletando, ouvi-se
um “vai trabalhar vagabundo”. O homem cordial, aquele
citado
na obra Raízes do Brasil, de Sérgio Buarque de Holanda, que era “tolerante” e que
dissimulava seus preconceitos não existe mais, ficou
no Brasil de 2014. As
máscaras caíram. Soma-se a esse novo contexto o desafio dos
grevistas de
lidarem
com a “esquerda” leia-se PT/PC doB.
No Brasil da República
sindicalista, inaugurada pelo PT, em 2003, parte da chamada “esquerda” migrou para
o institucional, ou seja, passou a ser governo, mas continua dirigindo importantes
sindicados, federações e centrais sindicais, que funcionam como correia de
transmissão do governo do PT e lançarão de todos os meios para impedir essa greve. Das vozes que se pronunciaram, contra o
indicativo de greve, na assembleia da ADUA, com exceção de uma professora, o
que se ouviu foram velhos militantes da “esquerda” defendendo o governo Dilma, e
eles não derrotaram o indicativo da greve porque subestimaram a quantidade
de pessoas que compareceram à assembleia. Mas esse foi o primeiro round,
eles virão preparados para a próxima assembleia.
A assembleia que
decidirá a greve ocorrerá no dia 27/05, no maior auditório da UFAM, na data que
também ocorrerá às eleições para o diretório central dos estudantes – DCE - eleições
nas quais o PCdoB concorre com uma chapa e aliança com o PSDB, ou seja, toda
juventude da UJS, braço de PCdoB, ocuparão a universidade, eles não vacilarão
em ocupar assembleia dos professores para barrar a greve. Agora se a “esquerda”
unir-se
aos neoconservadores, para brecar a greve, aí sim o “mar não vai ficar para peixe; digo para trabalhador.
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