SOLIDARIEDADE AOS PROFESSORES ESPANCADOS
Em
torno de cinco mil pessoas reunidas, trio elétrico, trenzinho infantil e cerca
de um quilômetro percorrido. Foi assim que professores, estudantes, populares e
representantes de diversas categorias realizaram, na tarde de ontem, passeata
que marca uma greve que completa amanhã dois meses. Os educadores da rede
estadual de ensino reivindicam a implantação do piso nacional de R$1.187.
Segurando
faixas ou com curativos e tinta vermelha pelo corpo, simbolizando rejeição às
consequências do confronto entre professores e policiais, no último dia 29, os
manifestantes se concentraram em frente à Assembleia Legislativa. A multidão
fechou as duas faixas da Avenida Desembargador Moreira, que aos poucos foi
sendo liberada. Em seguida, a passeata se dirigiu ao Palácio da Abolição, sede
do Governo do Estado, onde os manifestantes, do lado de fora, cantaram o Hino
Nacional e praticaram atos simbólicos como forma de protesto pelo impasse.
Dentre eles a queima da cópia da mensagem do Executivo aprovada na Assembleia e
a escrita no asfalto da expressão: “SOS Educação”.
Apesar
da presença de equipes da Polícia Militar e do Batalhão de Choque, não houve
registro de incidente ou violência. Ruas próximas foram bloqueadas pela Autarquia
Municipal de Trânsito, Serviços Públicas e Cidadania (AMC), e,
consequentemente, houve congestionamentos por alguns momentos em determinados
pontos.
Negociação
Anízio
Melo, presidente do Sindicato dos Professores do Estado do Ceará (Apeoc),
explica que a atividade é uma forma de “expressar repúdio à violência sofrida
pelos professores na Assembleia, na semana passada”.
Segundo
ele, a manifestação é uma maneira de fortalecer a greve e as lutas da categoria
e de reivindicar para que o Governo restabeleça um canal de comunicação.
“Recebemos muitas mensagens de apoio. O governo deveria repensar as suas
estratégias de negociação. Continuamos abertos para o diálogo”.
Durante
o trajeto, estudantes e professores realizaram uma ciranda no entorno da Praça
Portugal. Observando a ação que acontecia em frente a sua banca de jornal,
Raimundo Lima Cardoso comentava que apoiava o ato, mesmo tendo duas filhas
prejudicadas pela greve. “Eles estão lutando pelos seus direitos. A educação
tem de ser prioridade”, opinou.
A
estudante de escola particular Raina Cândido, 17 anos, também demonstrava apoio
à causa. “Nos mobilizamos pela internet e resolvemos vir, por causa dos vídeos
do conflito que circularam na rede”, conta.
Contudo,
os fatos que aconteceram no dia 29 não serão relembrados apenas com a passeata
ou com os vídeos. Percival Palmeira, membro da Comissão de Direitos Humanos da
Ordem dos Advogados do Brasil, Secção-Ceará,(OAB-CE), informou que a
instituição entrará hoje com uma notícia-crime contra o governador Cid Gomes, o
presidente da Assembleia Legislativa, deputado Roberto Cláudio, e o
comandante-geral da Polícia Militar, coronel Werisleik Ponte Matias. “Todos
responderão criminalmente pelas lesões praticadas contra os professores”.
Está
prevista para hoje, às 11h, reunião entre o chefe de gabinete do governador,
Ivo Gomes, e os dirigentes do comando de greve. A categoria realizará
assembleia geral, hoje, às 15h, no Ginásio Paulo Sarasate. Alguns professores
informaram que diretores estão os convocando para reunião, contudo não
adiantaram o assunto.
*Fonte:
JÉSSICA PETRUCCI – REPÓRTER – Diário do Nordeste
http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=1051341
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