A VERDADE SOBRE O FINANCIAMENTO DA SAÚDE PÚBLICA
Os
Aprendizes de Goebbels – publicitário de estimação de Hitler que tornou
famosa a frase “uma mentira cem vezes repetida, torna-se verdade” –
repetem em cantilena que o caos na Saúde Pública é motivado pela
ausência de recursos financeiros no país e que precisam criar um novo
imposto para resolver tão grave problema! Essa conversa fiada se arrasta
desde a Lei Federal 9.311 de 1996 quando a IPMF – criada em 1993 – foi
reeditada com o pomposo nome Contribuição Provisória sobre Movimentação
ou Transmissão de Valores e de Créditos e Direitos de Natureza
Financeira (pelo tamanho do nome já dá pra ver a enrolação!) que em seu
artigo 18 previa a destinação da arrecadação “ao Fundo Nacional de Saúde
para financiamento das ações e serviços de saúde”. A CPMF tinha o
mérito de ser uma importante ferramenta contra a sonegação de impostos,
pois o Governo Federal podia – através do cruzamento de informações dos
recolhimentos com os valores declarados pelos contribuintes –
identificar receitas evadidas e poderia ter sido preservada em alíquotas
insignificantes do ponto de vista financeira! Em 2007 foi derrotada no
Senado pela legítima pressão da população que percebeu que o dinheiro
foi desviado para fins inimagináveis e os Serviços de Saúde continuavam
em estado de barbárie! De lá para cá o típico vagabundismo político
patrocinou uma troca de posições entre os favoráveis e os contrários sem
a necessária e ética explicação pública… Mas deixemos as mutações do
oportunismo político de lado e vamos aos fatos que provam a trapaceira
repetição da mentira sobre o assunto!
É importante registrar que o financiamento do SUS já está previsto em
lei – tanto na Constituição Federal como nas Leis 8.080 e 8.142 de 1990
– e já estabelece as fontes de financiamento, os percentuais a serem
gastos em saúde, a forma de divisão e repasse dos recursos entre as
esferas de governo, os critérios e mecanismos essenciais para a base de
cálculo como perfil epidemiológico, rede instalada, população,
desempenho técnico/econômico-financeiro, etc… E para dúvidas não deixar
sobre o financiamento da saúde ainda tramitou desde 2000 a Emenda
Constitucional 29 que após aprovação em 2009 passa agora a ser
Regulamentada e se dúvidas antes já não existiam imagine agora! Mas o
problema mesmo não tem nada a ver com isso… O problema está na covardia
do Governo Federal em alterar o Planejamento e a Gestão Pública
garantindo Eficácia e Resolutividade Administrativa e especialmente
alterando a Política Econômica. Um país que tem um Orçamento Federal com
Receita Total de R$ 2.118.273.683.441,00 (dois trilhões, cento e
dezoito bilhões, duzentos e setenta e três milhões…) e se dá ao “luxo”
de patrocinar uma política de juros tão absurda para favorecer os
parasitas do capital financeiro e financiadores de campanhas eleitorais
que compromete R$ 653.282.592.607,00 (seiscentos e cinqüenta e três
bilhões, duzentos e oitenta e dois milhões…)… Esses Governos não têm
autoridade moral para falar em ausência de recursos e solicitar a
aprovação de mais tributos especialmente diante da gigantesca carga
tributária aos mais pobres – via tributação indireta – e assalariados,
pois o grande setor empresarial tem como preservar as faixas de lucros
repassando o novo imposto aos preços ou reduzindo custos com as
demissões de trabalhadores!
A Presidência, o Congresso Nacional, os Governadores e Prefeitos
deviam ter vergonha de se dirigir à opinião pública com mais essa farsa…
Quando as Excelências Governamentais promoverem alteração na Política
de Juros – uma redução de menos de 2% já compensaria financeiramente o
que eles querem saquear do povo com a nova CPMF; Reforma Tributária
isentando de tributos aos menos a cesta básica de consumo dos mais
pobres e atualizando a tabela de imposto de renda dos assalariados;
Taxação das Grandes Fortunas, da Remessa de Lucros ao Exterior e do
Capital Parasita Financeiro, etc… e claro que não podem roubar os cofres
públicos! Portanto, propostas com toda a viabilidade e razoabilidade
necessárias na administração pública não faltam!
Quem me conhece sabe que se houvesse realmente carência de recursos
financeiros para o setor Saúde ou para quaisquer áreas das Políticas
Sociais – independentemente de qualquer pressão política – eu defenderia
com todas as minhas forças todos os mecanismos que pudessem garantir na
vida cotidiana da população as conquistas já asseguradas na legislação
em vigor, especialmente no SUS. Mas ninguém poderá jamais contar comigo
para compartilhar farsas técnicas como a “Nova CPMF” inclusive
manipulando desavergonhadamente em palavreado ardiloso o que de mais
belo existe nos preciosos sentimentos humanos de solidariedade e
fraternidade no coração do nosso povo!
*Heloísa Helena é avó de
Júlia, professora UFAL/ Enfermeira, ex-senadora, candidata à
Presidência, hoje vereadora pelo PSOL em Maceió (AL). ” Melhor Coração
Partido que Alma Vendida!”
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