Longe de serem especialistas em temas como: raça, etnia e o holocausto a apresentadora e atriz americana Whoopi Goldberg e youtuber Bruno Aiub foram afastados de suas funções de "estrelas" do mundo midiático. Um por pura falta de domínio sobre conceitos: O outro apresentador por uma opção ideológica-política. No caso da Whoopi Goldberg (consagrada no filme Ghost/1990), foi uma aparente confusão de conceitos de raça, etnia e humanidade ao comentar que o holocausto não seria uma questão de raça “Vamos ser sinceros sobre isso. O Holocausto não é sobre raça" (sic), com essas palavras a apresentadora do programa The View do canal americano ABC "apimentou" o debate com seus convidados para debater sobre a obra: "Maus: A história de um sobrevivente" (1992), que trata da vida de um sobrevivente do famigerado campo de concentração de Auschwitz.
O conceito de raça nos dias atuais já estão atualizados nas perspectivas biológica e sociológica. Classificar a raça humana em sub-raças é, no mínimo, anacrônico, haja vista, brilhantes trabalhos sobre o DNA humano, entre outros, o trabalho científico publicado na renomada revista científica Nature (1987) pelos biólogos Rebecca Cann, Mark Stoneking e Allan Wilson sobre as origens dos humanos modernos, que demonstra assim a possibilidade real que todos os seres humanos vivos na face da terra serem herdeiros genético de uma única mulher a "Eva Mitocondrial" oriunda da África a 150 mil anos. Nessa perspectiva científica todos nós pertencemos a uma única raça, a raça humana. Portanto a palavra etnicidade, nos dias atuais, é mais adequada aos debates sobre agrupamentos humanos, pois, nos possibilita uma melhor compreensão de determinados grupos sociais na perspectiva social e cultural.
No caso da atriz e apresentadora americana ocorreu o que chamamos de "infeliz colocação", pois ela cometeu, o que os historiadores chamam de anacronismo, quando transportou o conceito de humanidade atual para o contexto histórico da 2ª guerra mundial. Os nazista enxergavam o povo Judeu com uma raça suspostamente perigosa que seria responsável pelas misérias das nações isso de acordo com o livro os "Protocolos dos Sábios de Sião" (livro antissemita). Nesse contexto o holocausto é um crime de uma raça contra outra, uma suposta raça superior a "raça ariana", defendida nas teses nazistas, contra uma "raça inferior". No famoso julgamento de Nuremberg (1945) que condenou os principais agentes do Nazismo, ficou apontado um caminho para o julgamento de crimes contra a humanidade. Tal acontecimento passou a ser o "divisor de águas" na composição de várias Constituições das nações mundiais. No seu pedido de desculpas Whoopi Goldberg, após conversa, com Jonathan Greenblatt, membro da Liga Antidifamação do povo Judeu, usou a seguinte frase "eu errei ao dizer que o holocausto não foi um crime contra uma raça, eu deveria dizer que foi um crime contra uma raça, mas também contra a humanidade" (Whoopi Goldberg).
No caso do senhor Bruno Aiub (Monark) apresentador do Flow Podcast não se trata de troca de conceitos. As declarações feitas por ele, sobre, o "manto da liberdade" do direito de expressão, foi uma apologia direta ao Nazismo enquanto ideologia, na medida que defendeu a legalização de um partido nazista. Porém esse tipo de "fala", em tempos de ascensão de forças ideológicas-políticas extremamente conservadoras, não é novidade. Vivemos tempos, nos quais, os "filhotes” dos “Protocolos dos Sábios de Sião" colocam muito mais do que as "manguinhas de fora", estão colocando os seus desejos ideológicos mais sóbrios. Como lembra o dramaturgo Bertold Brecht "a cadela do fascismo está sempre no cio". Qual quer gesto equivocado, ou não, sobre a negação do holocausto deve ser rebatido e repugnado por todos os humanos, pois, é isso que somos a raça humana.
Fontes das imagens;
Foto 1 - https://criadoresid.com/criador/monark-bruno-aiub/
Foto 2 - https://mundoeducacao.uol.com.br/historiageral/holocausto.htm
Foto 3 - Divulgação/ABC/pipoca moderna.
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