A Professora, o Empréstimo e a rogativa
O segundo piso da agência
do Bradesco, situada na Avenida Boulevard Álvaro Maia, é um ambiente para
muitas reflexões, pois lá funciona o departamento de empréstimo aos
funcionários públicos do estado e do município de Manaus. Nunca está vazio, exceto
aos finais de semana. Ao entrar no ambiente percebe-se o clima de ansiedade que
toma conta das pessoas sentadas, enquanto aguardam serem chamadas pela ordem
das senhas. Os problemas são os mais diversos, só quem os conhece são seus donos.
Alguns clientes dormem nas cadeiras, outros procuram pelo chão alguma senha
perdida, que facilite o atendimento. Porém a maioria apresenta uma fisionomia pensativa
que chega a lembrar o pensador de Rodin.
Do lado oposto estão as atendentes, velhas
conhecidas da época do BEA – Banco do Estado do Amazonas, elas são mais que atendentes
são verdadeiras sacerdotisas no exercício de ouvir cada história, pacientemente,
e depois proferir a “sentença”.
Um dia desses; lá estava
eu sentado, nas cadeiras do departamento de empréstimos, aguardando ser chamado
e enquanto não me chamavam eu fazia minha pose do “pensador” de Rodin. De repente
eis que uma cena chamou minha atenção, uma senhora descabelada, estava ajoelhada
em frente a uma das mesas de atendimento, ela fazia gestos e balançava a cabeça,
o que mais lembrava uma rogativa, ainda de joelhos ela assinou uns papeis, levantou-se,
cumprimentou a atende e foi embora com o ar de alívio.
Fiquei a pensar; qual
seria a história daquela mulher? Por que estava de joelhos? Provavelmente ela e
eu retornaremos um dia ao departamento de empréstimos. Mas espero não ver mais
cenas de penitência, prefiro o “pensador” de Rodin.
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